terça-feira, 30 de junho de 2009

Titus (1999)

Já alguém alguma vez teve a sensação de "este filme vai ser uma seca" mas depois não são capazes de tirar os olhos do ecrã? Se SIM, então este Titus NÃO É de todo o caso!

A primeira ideia que temos quando alugamos este filme é que é mais uma adaptação de uma obra de Shakespeare e pronto, vamos assistir a não sei quanto tempo de um filme com diálogos em inglês de outros tempos difícil de perceber sem as respectivas legendas, um vestuário à época muito bem concebido e o decorrer de alguma acção quase "parada". Rapidamente percebemos que não tem nada a ver.

A adaptação que aqui nos é proposta é sim de uma obra de Shakespeare mas como se fosse passada nos dias de hoje, ou que pelo menos tenha muitos elementos e dicas aos dias de hoje, tais como a presença de automóveis, um vestuário demasiado moderno e especialmente uma genial banda sonora que demonstra bem, MUITO BEM, cada momento de intensidade pelo qual a acção do filme passa. Quando nos querem passar a ideia de loucura... ela está lá.... quando nos querem dar raiva... ela está lá muito bem... e quando nos querem dar a decadência, ela aparece perfeita. Elliot Goldenthal esteve no seu melhor.
Quanto aos desempenhos propriamente ditos afirmo que o leque de secundários esteve fantasticamente bem escolhido. Todo e qualquer um deles entregam interpretações de querer ainda mais de tão boas estarem. Quanto às principais... as duas principais... De Hopkins nunca tive qualquer reclamação... Ele conquistou-me com o seu chianti há largos anos, no entanto (e já sei que é possível que alguém me critique negativamente por isto) nunca tive um feedback muito positivo da Jessica Lange apesar de simpatizar com a grande maioria dos filmes que já vi com ela. Mas este... este sim... é daqueles papéis que dá gosto (a mim dá) ver uma actriz fazer. Um papel que lhe dá o devido destque e a coloca em igual circunstância e importância ao actor principal do mesmo filme sem que dele dependa como mais um "elemento" que enriquece o seu trabalho. Temos aqui DOIS pilares, e não apenas um com um suporte.
162 minutos de filme ? Acreditem que poderiam ser bem mais... não cansa e esperamos mais e mais filme. Como espectador somos absorvidos para o filme e tentamos devorar todos os pequenos grandes detalhes que nos são oferecidos. As interpretações, o argumento, a banda sonora, o guarda roupa, a fotografia e toda a decadência que cada momento do filme nos dá, só sabemos esperar por MAIS. Para quem aprecia extraordinárias surpresas este é sim um filme a ver.
Quanto à realizadora Julie Taymor, basta ver o seu reportório para perceber que está aqui arrisco a dizer, um génio da realização. Pouco me importa se por aí concordam, mas os seus filmes são absolutamente geniais e extremamente bem construídos. Aguardo ansiosamente pelo próximo que pelo que já li vai ser igualmente grandioso e um dos potenciais candidatos a Oscar.


"Tamora: I'll find a day to massacre them all and raze their faction and their family, the cruel father and his traitorous sons, to whom I sued for my dear son's life, and make them know what 'tis to let a queen kneel in the streets and beg for grace in vain."

10 / 10

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