domingo, 20 de dezembro de 2009

Agora (2009)

Ágora de Alejandro Amenábar é mais um brilhante e comovente filme oriundo de terras de nuestros hermanos que não só surpreendem pela qualidade do seu cinema como ainda atraem grandes estrelas internacionais para o representarem. Neste caso a grande estrela, que ainda é extremamente agradável ao ecrã e uma excelente actriz, é a britânica Rachel Weisz.
A história centra-se nos acontecimentos que rondaram a afirmação da Cristandade como uma das religiões predominantes do Mundo à altura conhecido.
Como todo o bom filme épico-histórico as inerentes intrigas políticas e também religiosas encontram-se presentes e aqui, claro, esse aspecto não é excepção. Por entre perseguições aos pagãos e aos judeus na cidade de Alexandria, os Cristãos em crescente expansão pela cidade vincaram o seu poderio primeiro através da força e da destruição e, uma vez obtido esse poder, através da punição e do castigo.
Com Ágora, Alejandro Amenábar criou também uma história de amor. Um amor impossível dividido entre três intervenientes. A filósofa e professora Hypatia, brilhantemente interpretada por Rachel Weisz, que apenas consegue entregar-se de corpo e alma aos seus estudos e à ciência. Foi ela uma das defensoras da teoria heliocêntrica que ia contra aquilo que a Cristandade defendia. Faziam também parte deste círculo os dois homens que a idolatravam acima de tudo. Orestes e Davos. O primeiro que abertamente lhe declararia amor e a quem ela renegara. O segundo o seu escravo que nunca o poderia declarar por palavras mas sim por inúmeros gestos. Um dos mais fortes exemplos desse amor estaria representado nas últimas imagens em que ambos se encontravam no mesmo espaço. Foi o único gesto de amor entre ambos e o último sacrífico que haveria de ser feito em nome desse amor.
São estas as mais significativas interpretações do filme levadas à perfeição pelos actores Rachel Weisz (Hypatia), Max Minghella (Davus) e Oscar Isaac (Orestes), existindo uma empatia perfeita entre tanto Weisz com Isaac como com Minghella. Considerando que este filme é de produção espanhola, não me espantaria que na próxima edição dos prémios Goya que além de filme e realizador fossem nomeados para Actor e Actriz Principal e para Actor Secundário (Isaac).
E finalmente temos uma grande componente histórica-científica com este filme que faz igualmente parte relevante do enredo do filme. Numa época em que os conflitos religiosos estavam tão presentes como hoje, um indíviduo afastado de uma vida religiosa e que defendia teses proibidas pelas religiões em expansão era um elemento perigoso para a estabilidade das mesmas e como tal melhor morto que vivo.
Amenábar não deixa de espantar com as suas fantásticas histórias quer ficcionadas quer reais e surpreende constantemente com o valor dos seus trabalhos. E espantosa está também a impressionante e comovente banda-sonora da autoria do compositor italiano Dario Marianelli que contribui de forma muito significativa para a enorme dimensão do climax do filme.



10 / 10


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2 comentários:

  1. Bem, depois de ler o teu comentário e de ver, uma vez mais, o trailer fiquei cheio de vontade de ver o filme! Gosto muito de épicos, sou completamente vidrado neste tipo de filme. E, assim, "Ágora" parece-me uma excelente escolha. :-)

    Mais uma vez, uma boa escolha de Vossa Alteza! ;-)

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  2. Ora bem, é sem dúvida um grande filme. E temos a sorte de, por ser de produção espanhola, ser dos primeiros países no Mundo onde estreou :D

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