quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Happy-Go-Lucky (2008)

Um Dia de Cada Vez de Mike Leigh é daqueles filmes dos quais tenho a impressão que por muito que fale me vai ficar por dizer muita coisa. Como tal começo apenas com uma simples mas bem resumida definição para ele: GENIAL!
A história deste filme gira em torno da vida e especialmente da personalidade de Poppy, uma mulher bem disposta e que encontra um motivo para sorrir em tudo, literalmente tudo, o que a rodeia, numa magnífica prestação da actriz britânica Sally Hawkins.
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"Poppy: You keep on rowin', and I'll keep on smilin'."
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Esta sua frase quase no final do filme e após o único momento mais tenso pelo qual passamos a vê-lo, resume francamente a postura desta personagem. Que se "reme", aqui aproveitando a comparação do seu pequeno passeio.. Que se reme contra o que surge pela frente como obstáculo mas sempre com um sorriso na cara. Afinal sorrir pode evitar com que um problema pareça, ou seja, tão grande.
Neste brilhante papel Hawkins saiu vencedora de inúmeros prémios entre eles o Urso de Prata em Berlim, os prémios da crítica de Nova York e de Los Angeles e o Globo de Ouro de Melhor Actriz em Comédia. No entanto, e apesar de ter alguns BONS momentos de comédia, o filme não o é só. É um drama também. Um profundo drama sobre a sociedade actual. Sobre os problemas com que as pessoas se deparam. Sobre a forma como os encaram e especialmente sobre a forma como são afectadas e, como reacção, sobre a forma como encaram a vida.
São disto exemplo as aulas de condução em que a interacção com o seu instrutor, o brilhante Eddie Marsan culminam sempre em grandes confusões, a última das quais extrema, ao ponto de ser o único e o grande momento negro e violento do filme.
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"Poppy: It's not easy being you, is it? Eh?"
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É assim que ela um dia lhe responde, falando de certa forma de tantas pessoas que apesar de tentarem ver a vida de outra forma é assim que pensam e tentam viver um dia de cada vez. Enquanto para Poppy a vida é para ser encarada com um sorriso e ver sempre o melhor de tudo e todos, para Scott nada interessa a não ser seguir a sua rotina que é a única coisa onde se sente seguro e tranquilo. Nada mais importa.

Gostei bastante deste filme pois mostra acima de tudo como funcionam as emoções e as reacções humanas não só aos momentos bons como também às adversidades. É uma reflexão sobre a vida, sobre os comportamentos, e sobre "nós". Especialmente sobre "nós". Sobre a forma como estamos no Mundo e como dele podemos retirar o melhor... ou não!

Brilhantemente nomeado para o Oscar de Melhor Argumento Original, foi uma pena enorme que não tenha conseguido vingar em tantas outras categorias, especialmente na de Melhor Actriz onde normalmente os filmes de Mike Leigh conseguem ser bem sucedidos.

Além das interpretações há ainda lugar para destacar a fantástica banda-sonora da autoria de Gary Yershon num registo que tanta dramatiza como dá vida à alegria efusiva de Poppy.

Finalmente não me privo de destacar como o grande momento do filme o flamenco, e em especial a instrutora, que Poppy vai tentar aprender para dançar.



É um grande e excelente filme para ver não só pelos seus bons momentos como também pelos maus num misto entre ambos que o torna credível e apetecível.



"Zoe: You can't make everyone happy.


Poppy: There's no harm in trying that Zoe, is there?"


10 / 10


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