sábado, 19 de junho de 2010

*batteries not included (1987)

O Milagre da Rua 8 de Matthew Robbins é um filme recheado de nomes sonantes, não só na interpretação como também na produção e argumento. Ora então vejamos. Produzido por Steven Spielberg com argumento de Brad Bird (já vencedor de dois Oscars na categoria de Filme de Animação com Os Incríveis e com Ratatouille) e na interpretação temos dois importantes nomes que fizeram parte da indústria cinematográfica durante décadas, ou seja, Jessica Tandy e Hume Cronyn.
Esta simples e simpática história reflete vários aspectos da vida. Desde a mudança dos tempos (do passado à presente época moderna) que se evidencia na mudança dos bairros americanos que há muitos anos eram familiares, para o presente onde predomina o individualismo de grandes arranha-céus onde ninguém conhece ninguém. Reflete sobre a perda, sobre a necessidade de união em tempos de dificuldade e crise. Sobre a forma como nos refugiamos no nosso mundo pessoal em detrimento do social para fazer esquecer os problemas que nos afectam mais intimamente.
Como seria de esperar de um filme em que Spielberg tivesse metido o dedo, pelo menos nesta altura, a componente extra-terrestre era mais do que certa. Aqui, mais uma vez, não falha.
Num dos últimos prédios ainda de pé num bairro em demolição, os poucos moradores que lá restam rezam por um milagre que os ajude a ultrapassar mais uma difícil etapa nas suas vidas de forma a conseguir resistir e fazer resistir o espaço onde habitam grande parte das suas vidas.
Esse milagre e essa ajuda vai aparecer. E aparece sob a forma de pequenas naves extra-terrestres que recuperam tudo aquilo que surja danificado e destruído. O que esperar daqui? De facto puro milagre de um agradável entretenimento. Um filme de família com qualidade 100% garantida. Um filme de esperança. De novas e de segundas oportunidades, tão explícito no momento em que uma das recém-nascidas naves extra-terrestres é reanimada para a vida. Um filme sobre valores e sobre a amizade.
Escusado será dizer que o famoso par cinematográfico (e não só) Jessica Tandy e Hume Cronyn têm aqui sentidas e brilhantes interpretações como um casal que tenta resistir no seu lar contra todas as adversidades. Tandy vive desgostosa e com a mente parada na altura em que perdeu o seu único filho e Cronyn como o marido algo desligado que tentar por tudo manter de pé não só a sua casa como aquilo que resta da sua família.
Mais que recuperar o seu prédio e alguns objectos destruídos, a pequena ajuda vinda do espaço vai sim tentar recuperar o que de bom têm as suas vidas.
Temos aqui um filme bonito, com valores, com uma bonita e agradável história cheia de bons momentos, alguma comédia e muita emoção e um refinado olhar sobre como a vida poderá ser daqui a uns anos onde desejamos ter algo onde nos sustentar e suportar.
O Milagre da Rua 8 é para mim um dos melhores filmes de entretenimento e fantasia dos últimos e largos anos que é impossível alguém ter perdido mas que, para o caso de ter acontecido, é urgente que o tentem (re)ver.

8 / 10

Sem comentários:

Enviar um comentário