sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bright Star (2009)

Estrela Cintilante de Jane Campion é uma belíssima e comovente história de amor com a interpretação de dois dos grandes novos valores do cinema. Ele, inglês, Ben Wishaw que já nos entregou o maravilhoso Perfume, aqui no papel do poeta John Keats. Ela, australiana, Abbie Cornish que podemos ver no fantástico Candy no papel de Fanny Brawne por quem Keats se apaixona.
Os dois com brilhantes e irrepreensíveis desempenhos, dirigidos pela realizadora neo-zelandesa Jane Campion que consegue uma vez mais dirigir um belíssimo filme com uma história intemporal sobre o amor ou, mais concretamente, sobre o primeiro amor. Aquele que, tal como diz o cartaz promocional do filme, é o que brilha com mais intensidade. Esta história faz perfeita justiça a esta ideia e temos sim uma história sobre o primeiro amor contada de forma exímia.
Ao contrário da anterior grande obra de Jane Campion, O Piano, onde apesar da contemplação ser já um aspecto fulcral do filme, aqui a contemplação e o crescente amor que Keats e Brawne sentem um pelo outro surgem não só pelos actos e diálogos que partilham como também por um dos mais significativos aspectos deste filme. A imagem.
Os cenários em que se encontram são perfeitamente deslumbrantes. À medida que o amor sentidos entre ambos se manifesta, inicialmente pela contemplação e aos poucos dando lugar aos sentidos diálogos apaixonados, temos a passagem de uma imagem e de um cenário mais sombrio para uma situação de Primavera com flores de cores garridas e vivaças a brotarem por todo o ecrã. Sente-se a paixão. Sente-se o calor. Sente-se o amor.
Da mesma forma, o momento em que ambos apaixonados são obrigados a afastar-se devido aos problemas de saúde de Keats, assim começam as cores a desaparecer. A vida esmorece. Entra a chuva, o frio, a névoa, e por sua vez a doença e a morte.
Morte esta que, ainda assim, é acompanhada pela mais bonita dedicatória de amor que possivelmente alguém alguma vez escreveu. Uma declaração de total entrega ao seu primeiro amor. Ao seu único amor. O amor que nem mesmo a morte conseguiria separar ou quebrar.
Além das brilhantes interpretações por parte do par principal, e da realização e argumento que estiveram ao cargo dessa força feminina que é Jane Campion, é igualmente de destacar o soberbo trabalho de fotografia da autoria de Greig Fraser que este filme apresenta. A diferente tonalidade e vivacidade das cores, das luzes e das sombras que simbolizam não só as estações do ano como igualmente, e principalmente, as da vida é de facto deslumbrante.
Trabalho este que é complementado com a espectacular banda-sonora de Mark Bradshaw que intensifica ainda mais todos os pequenos detalhes que, infelizmente, nos possam escapar.
Aos curiosos só peço que não se deixem desmotivar pelo ritmo mais pausado e pensativo que o filme apresenta pois, se se deixarem ir até ao final não se irão, de certeza, arrepender.
.
.
"John Keats: I almost wish we were butterflies and liv'd but three summer days - three such days with you I could fill with more delight than fifty common years could ever contain."
.
8 / 10
.

Sem comentários:

Enviar um comentário