sábado, 16 de julho de 2011

Shall We Dance? (2004)

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Vamos Dançar? de Peter Chelsom é uma muita simpática comédia dramática que reune um interessante elenco onde se destacam Richard Gere, Jennifer Lopez, Susan Sarandon e Stanley Tucci.
Tudo começa com John Clark (Gere) um advogado abastado e aborrecido com a vida que um dia deseja alcançar outra coisa para sair da rotina em que se encontra. E esse algo mais surge através de um curso de danças de salão em que se inscreve às escondidas da sua mulher Beverly (Sarandon).
É neste salão que conhece Paulina (Lopez) e aquilo que começa como um simples e inocente hobbie para se distanciar da sua eterna rotina ganha contornos muito maiores e que irá modificar as vidas de todos aqueles que estão à sua volta.
Richard Gere que tem ao longo dos anos dado alguns desempenhos bem interessantes ao seu público teve neste Vamos Dançar? um dos seus melhores. E afirmo-o sem qualquer complexo. Aqui temos aquele tipo de interpretações que consegue não só ser credível na amargura que de certa forma a sua personagem transporta ao viver uma vida preenchida e bem sucedida mas que lhe falta um toque que lhe dê alguma satisfação pessoal como também consegue pegar nessa fraqueza e transformá-la através da arte da dança numa forma não só de tocar nas outras pessoas como, acima de tudo, conseguir tocar no seu próprio interior e na sua sensibilidade.
Por outro lado temos Susan Sarandon que, escusado quase seria de dizer, é aquela actriz que por poucos e breves momentos tenha no ecrã (note-se que não é este o caso) consegue ser sempre e sem qualquer reserva aquela pessoa que consegue "roubar" o protagonismo ao seus parceiros. Beverly, a sua personagem, sente-se uma mulher a quem o marido esconde algo, talvez uma traição, e como tal manda segui-lo para que os seus passos sejam acompanhados. Surpreendida com as escolhas do marido interroga-se sobre os "porquês" da sua decisão. A sua fala com o detective, interpretado por Richard Jenkins, e que escolhi para ser a mais marcante do filme é de longe um dos melhores pensamentos que um filme alguma vez "me" poderia ter dado. A simples (mas bem complexa) ideia de que as pessoas se casam/juntam/vivem em comum com o propósito de poderem ter alguém a seu lado que testemunhe a sua passagem por este planeta é simplesmente esmagadora e digna de ser referenciada como um dos momentos mais fortes e dramáticos do filme.
E como se isto não bastasse Sarandon, mas agora juntamente com Gere, protagonizam ambos o momento alto do filme, e da sua relação, que só não conquista aqueles que sejam totalmente desprovidos de qualquer sensibilidade. E escusado será dizer que "este filme não faz o género" pois o que é certo é que muitos o viram e desses... todos gostaram (sem referir nomes...). E para que o confirmem, aqui fica...
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A compôr o par protagonista temos ainda um vasto elenco de actores mais ou menos secundários mas todos de uma importância extrema para o filme.
Temos Jennifer Lopes como a professora de dança descrente que volta a ganhar alento como o novo grupo de desastrados alunos. A própria dona da escola que já não vê futuro nas aulas de dança de salão, aqui excelentemente interpretada por Anita Gillette. Ou mesmo os outros dois elementos da "turma" aqui interpretados por Bobby Cannavale e Omar Benson Miller. Mas impossível seria falar das interpretações e não referir o brilhante e destacado duo de secundários composto pelos extravagantes Stanley Tucci e Lisa Ann Walter que funcionam tão bem que dão real valor à expressão de que os opostos realmente se atraem.
Este excelente leque de actores revela entre si uma química tal que é quase injusto falar em actores principais e secundários sendo antes preferível referir que existe um elenco uno e coeso que dá uma vida bem forte ao filme.
São estes mesmos actores que conseguem dar vida e cor a um conjunto intenso de sensações e sentimentos que, para mim, são pouco vulgares neste género de filme que na sua maioria acaba apenas funcionar à custa de um conjunto de clichés e frases feitas. Aqui bem pelo contrário o argumento funciona de uma forma tão perfeito que acabamos por sentir empatia e identificação com algumas das personagens ao ponto de pensarmos que também "eu" sinto ou passo por isto ou por aquilo.
De destacar está também a banda-sonora criada por John Altman e Gabriel Yared que não só conjuga temas tradicionais típicas de danças de salão com temas modernos a cargo por exemplo dos Gotan Project ou mesmo sonoridades mais contemporâneas como aquela que deixo para apreciarem.
Este filme que além de ser uma comédia dramática conjuga ainda um "ambiente" que pode ser por vezes difícil de digerir para muitos cinéfilos consegue felizmente ser bastante interessante ao ponto de o considerar não só um dos melhores do género como um dos filmes mais bem conseguidos que tenho visto nos últimos tmepos. Assistimos a agradáveis e bem compostos momentos de comédia bem como aos mais dramáticos e melancólicos que de uma ou outra forma também eles nos deixam a pensar sobre uma ou outra situação das vidas pessoais. E quando um filme me deixa a pensar para além do momento em que o vejo sei que ele é de facto bom.
É este o conselho que deixo... não o julgarem sem verem. E enquanto o vêem darem a oportunidade que garantidamente ele merece. Até porque se pensarmos nos seus actores... eles valem bem que se apreciem e além disso dão do seu melhor numa história que não está em nada ultrapassada e que consegue ele também ir mais além dos típicos clichés do género.
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"Beverly Clark: We need a witness to our lives. There's a billion people on the planet... I mean, what does any one life really mean? But in a marriage, you're promising to care about everything. The good things, the bad things, the terrible things, the mundane things... all of it, all of the time, every day. You're saying 'Your life will not go unnoticed because I will notice it. Your life will not go un-witnessed because I will be your witness'.""
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10 / 10
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