quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Balas & Bolinhos - O Último Capítulo (2012)

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Balas & Bolinhos - O Último Capítulo de Luís Ismael foi um dos filmes mais aguardados por uma extensa legião de fãs que acompanhou ao longo dos anos as aventuras de Tone e Rato, e também um dos títulos presentes na Selecção Oficial dos Caminhos do Cinema Português deste ano.
Rato (Jorge Neto), Bino (João Pires) e Culatra (JD Duarte) são três amigos que vivem de esquemas ocasionais que os fazem atravessar os seus dias, que de normal pouco ou nada têm, e obter o maior lucro pessoal possível. Pelo meio só podemos esperar trapalhadas, mal-entendidos e vigarices que a seu tempo os irão apanhar desprevenidos.
Quando Tone (Luís Ismael), o líder de tão peculiar gang, regressa de uma vida no Oriente para salvar a vida ao seu pai, o Sr. Carvalho (Octávio de Matos), que necessita urgentemente de um transplante, os dias de glória do grupo, bem como as já esperadas confusões, regressam com ele.
Como já referi, este é possivelmente o filme português mais esperado dos últimos anos. Inexistentes que são as sequelas no cinema nacional, aqui temos de referir a proeza que já marca o terceiro título de uma saga que conseguiu atrair milhares de espectadores às salas e tornar quase míticas as personagens que o constituem.
Luís Ismael que além de realizar e interpretar a personagem principal, assume-se como o homem força de todo o filme ao acumular ainda as funções de produtor, argumentista e editor do mesmo, elabora este argumento que não sendo rico num conteúdo dramático da acção, não deixa de ser elaborado e "fluente" em momentos cómicos e trágicos nas aventuras deste grupo de amigos que estão prontos e preparados para a desgraça... uma atrás da outra.
Se é certo que alguns momentos de tão exagerados serem não conseguem reunir muita simpatia, não deixa de ser verdade que para outros é esse mesmo exagero que os faz funcionar de uma forma tão agradável que somos incapazes de não deixar soltar algumas gargalhadas. Muitas delas graças ao "Rato", personagem interpretada por Jorge Neto que aqui se assume como o detentor do record do maior número de momentos característicos de uma boa comédia. Os seus momentos são ricos na maior "brejeirice" possível e imaginária... quer seja pela comédia de situação, pelos momentos mais inesperados ou mesmo por aqueles que recorrem à básica piada sexual, é impossível não simpatizarmos com a personagem que criou e pela sua capacidade de ser o mais inconveniente possível nos momentos menos próprios. A sua capacidade de se situar sempre no limite daquilo que é "próprio" é ultrapassada a cada momento em que surge no ecrã... Mais que não seja pela quantidade de vernáculos a roçar no calão que utiliza por cada cinco minutos de diálogos... algo nunca conseguido em mais nenhum filme.
Agradável também é a presença de Octávio de Matos, um actor a que estamos habituados a ver em sitcom ou no teatro de revista, e que com esta sua participação dá continuidade à sua veia humoristica e à qual não somos capazes de resistir. É bastante positivo perceber que alguns dos actores que já não estão muito presentes nos nossos ecrãs (ou palcos) voltam assim à ribalta ainda que com pequenas participações que, no entanto, mostram todo o seu potencial.
Independentemente do sucesso e mediatismo que este filme teve, não deixa de ser verdade que para o compreender na perfeição há que acompanhar e ver os dois primeiros títulos desta trilogia. Não é que este filme se perca caso seja o único que se tenha visto mas é o mesmo que começarmos pelo último Harry Potter e daí se ter todo o conteúdo histórico da saga. Ainda assim, é seguro que ao assistir a este filme conseguimos garantir um conjunto bem forte de bons e bem dispostos momentos que não irão deixar ninguém indiferente e que de humor rasca a bondage sado-masoquista... tem um pouco de tudo.
Longe de ser o melhor filme do cinema português, ou mesmo um dos melhores do ano, este Balas & Bolinhos não deixa de ser referenciado como um dos filmes nacionais que mais público conseguiu atrair às salas e a fórmula, apesar de não ser a mais famosa ou com um conteúdo mais profundo, parece resultar. Gostemos dele ou não... tenho sérias dúvidas que alguém lhe consiga ficar indiferente.
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6 / 10
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