quarta-feira, 3 de julho de 2013

Voice Over (2011)

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Voice Over de Martín Rosete é uma curta-metragem espanhola nomeada para o Goya na sua categoria na última edição dos prémios da Academia Espanhola de Cinema.
Dividido em três distintos segmentos e uma inesperada mas cativante conclusão, esta curta-metragem que é narrada do primeiro ao último instante vence pela admiração com que o espectador a ela assiste.
O primeiro segmento desta curta leva-nos a uma viagem no espaço onde um astronauta fica repentinamente sem o oxigénio que lhe garante a sua sobrevivência. No entanto, é no momento mais tenso do mesmo que somos imediatamente transportados para o segundo segmento onde um soldado ferido e amputado tenta, no decurso da Primeira Guerra Mundial, dinamitar uma linha de caminho-de-ferro impossibilitando assim o transporte de armamento pelo inimigo. Uma vez mais, é no preciso instante em que tentamos saber se ele irá conseguir executar a sua missão que somos levados para o terceiro e último segmento da curta quando um barco se afunda e o seu tripulante não conseguindo vir à tona se depara com a eventualidade da sua própria morte.
Todos estes momentos de franca tensão que escutamos enquanto uma voz incerta nos narra os acontecimentos, culminam com uma conclusão algo inesperada mas ao mesmo tempo cativante e emocionante quando percebemos os "porquês" de tanta incerteza e angústia.
Luiso Berdejo assina assim um argumento que não só contrói três cativantes histórias que pela sua temática nos prendem de imediato ao ecrã e que poderiam facilmente constituir argumentos de três filmes independentes e sem qualquer relação onde o protagonista é estranhamente o reflexo de um único interveniente e, ao mesmo tempo, entrega uma conclusão que faz esclarecer todas as anteriores histórias e de igual forma utilizá-las para justificar aquilo que é afinal a verdadeira temática do filme.
É neste preciso final que ficamos a saber o porquê do astronauta ficar sem oxigénio, o porquê do soldado se sentir impossibilitado de concluir a sua missão e, finalmente, o porquê do pescador não se sentir capaz de voltar à superfície, e de ao mesmo tempo relacionarmos cada um desses momentos com aquilo que está realmente a acontecer sendo cada um desses instantes o reflexo dos sentimentos que alguém pretende transmitir sem ser, no entanto, capaz de o fazer.
Brilhante é também a reconstituição dos espaços a que somos apresentados por uma magnífica direcção de arte da autoria de Rafael Castro que culmina com a direcção de fotografia de José Martín Rosete que nos transporta entre mundos solitários e onde os espaços e a sua luz reflectem o sentimento dos intervenientes, e que culminam com uma ora intensa ora melancólica música original de José Villalobos que, em todo o seu conjunto, transformam esta curta-metragem num entusiasmante e muito bem dirigido filme que, para benefício de todos, tem ainda uma simpática e emocionante mensagem a transmitir.
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10 / 10
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