quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Rapariga (2013)

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A Rapariga de Mário V. Almeida é uma curta-metragem cabo-verdiana presente na secção competitiva do FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa que decorre até ao próximo dia 9 de Abril no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Esta curta-metragem conta-nos a história de um fotógrafo que por entre a sua vida de trabalho cuida de uma jovem rapariga como se ela própria fosse uma obra de arte que tem de ser preservada e com a qual se necessita de ter os mais sérios cuidados.
É com o passar do tempo que esta relação denota alguns sinais de instabilidade e a comunicação entre ambos torna-se cada vez mais escassa e dispersa onde, para além dos olhares de adoração dele e de repúdio dela, se sente uma cada vez maior tensão e alienação.
Esta curta-metragem foi a única que no primeiro dia da respectiva competição marcou pela presença de um representante que explicasse parte do processo que levou à sua execução num misto de falta de apoios do Estado e uma colaboração entre os diversos profissionais do país. No entanto, por mais entusiasmo que todo este processo possa ter suscitado por parte dos envolvidos, o resultado final da mesma não é de igual forma positivo.
A dinâmica entre o par protagonista (modelo e fotógrafo) é inexistente, fria e distante. Com a excepção de um pequena monólogo por parte do dedicado fotógrafo e de um qualquer ataque alucinogeneo cujos porquês nunca são revelados, toda a restante curta-metragem é única e exclusivamente ambientada pelo som envolvente nos espaços (casa e estúdio) e captados de forma grosseira visto que é mais perceptível o que se passa na rua para lá daquelas quatro paredes do que propriamente no interior onde de facto interessa perceber o que acontece com aquelas duas personagens que parecem cada vez mais dispersas e a vaguear por um espaço tão limitado.
Nunca se chega a perceber nem a relação de total dependência que a modelo desenvolve para com o seu fotógrafo, nem tão pouco a relação super protectora e quase abusiva que este transfere para a jovem rapariga que, a dada altura, parece mais um zombie ou um espírito perdido do que propriamente alguém que aparentou em tempos ter uma carreira promissora (tal como constatamos pelas suas fotografias expostas), e os pouco mais de quatorze minutos de duração desta curta-metragem parecem ser cada vez mais penosos à medida que se aproxima de um desejado final.
No geral, A Rapariga foi não só o pior filme deste primeiro dia de competição como na sua essência é um filme pobre e sem um fio condutor cuja intenção é contar uma história e não um qualquer devaneio sobre aquilo que se pensa poder ter sido uma ideia que se quis contar.
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