sexta-feira, 20 de junho de 2014

Dancers (2014)

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Dancers de António da Silva é uma curta-metragem portuguesa e um dos mais recentes trabalhos deste realizador português que desafia o próprio espectador a tornar-se um voyeur enquanto assiste aos seus filmes.
Aqui, António da Silva transporta o espectador para o interior de uma casa. Não uma em concreto mas sim aquela(s) em que o(s) interveniente(s) se encontra(m). Nos mais variados cenários e ao som de música, estes vários intervenientes, todos eles homens, tiram a roupa de forma mais ou menos sensual e insinuam-se para a câmara... para o espectador.
Numa metáfora que se aplica às artes, à dança e de certa forma ao próprio país, estes bailarinos/actores demonstram a real situação do país... afastado das artes, da cultura, da educação e de todo o tipo de intervenção cultural, os mesmos são obrigados a subsistir de forma agreste tirando a sua roupa exercendo um cada vez maior sentido voyeurista no espectador para quem "dedicam" uma última dança. Dança esta que tem tanto de artístico como pode ter de sensual, provocatório e até mesmo exibicionista.
Com a participação de um variado conjunto de artistas entre os quais se destacam duas caras mais conhecidas do público português nomeadamente Nuno Gil e Pedro Cunha - recentemente falecido - Dancers conta ainda com a presença de Ângelo Neto, António Onio, Bráulio Bandeira, Bruno Alexandre Uka, Celso Jumpe, Cláudio Filipe Vieira, Daniel Pinheiro, Dário Pacheco, ‎Flávio Rodrigues, Filipe Baracho, Filipe Viegas, Gonçalo Beira, Ivo Serra, Luiz Antunes, Luis Guerra, Luka Mpasi, Martim Pedroso, Miguel Bonneville, Miguel Flor, Miguel Pereira, Nuno Labau, Nuno Silva, Paulo Guerreiro, Pedro Nunez, Pedro Santiago Cal, Rafael Alvarez, Renato Pires, Sergio Diogo Matias, Tiago Fonseca, Tiago Marques, Victor Hugo Pontes e Vitor Viegas numa dança erótica desde o primeiro instante que transmite ao espectador a sensação de se encontrar numa qualquer cabine de peep show sem que, no entanto, o espectáculo a que assiste se possa considerar gratuito ou degradante.
Provocador no seu cinema, quase sempre de uma natureza explícita e voyeurista, António da Silva brinca com uma corrosiva tagline esta sua mais recente curta-metragem "After all, the penis also can dance!". Afinal, num país onde as artes performativas e de certa forma a própria cultura e educação são relegadas para um segundo dispensável e desinteressante plano, Da Silva deixa ao espectador uma interessante questão e reflexão: estaremos assim tão longe do momento em que aqueles que desta área vivem precisarem de recorrer a shows exibicionistas a troco de um pequeno pagamento para poderem sobreviver?
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7 / 10
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