domingo, 31 de janeiro de 2016

The Present (2015)

.
The Present de Jacob Frey é uma curta-metragem de animação alemã que apresenta ao espectador a vida de um jovem que prefere passar todo o seu dia nos videojogos em vez de pensar naquilo que o dia escondem para lá das portas da sua casa.
No entanto, um dia iria mudar para sempre a sua vida quando a mãe decide oferecer-lhe um presente que lhe irá revelar muito mais sobre si próprio.
Jacob Frey entrega aquele que é - literalmente - um presente ao espectador pois é através do poder da (sua) animação que chega uma poderosa mensagem sobre o poder de uma amizade incondicional, sem contrapartidas e que pouco, ou nada, pede para se sentir cimentada.
Numa inicial - pensamos - crítica à juventude dos dias presentes que pouco conhecem de um mundo "lá fora", concentrando toda a sua atenção naquele divertimento momentâneo e instantâneo que o poder dos videojogos lhe conferem, The Present revela-se muito para lá desta breve noção. Por vezes torna-se claro que a mecanização dos divertimentos ou até mesmo a forma electrónica que nos aproxima dos outros em detrimento de um contacto frente a frente, esta curta-metragem alemã começa sim por questionar o quão aptos estamos nos nossos dias para interagir com outro ser vivo. Mas, no entanto, o que acontece quando esse ser vivo não é uma pessoa mas sim um animal... um cão; o melhor amigo do Homem e que lhe presta toda uma incondicional amizade que está livre de perguntas mas sim de um amor extremo e inabalável?
Se o espectador pensa que as questões terminam por aqui, é o rápido (des)interesse que o jovem mostra pelo cão - que inicialmente é uma surpresa mas repentinamente se torna num estorvo pela presença de apenas três patas - que motiva a antipatia por este jovem "animado" e que em doses iguais faz criar uma empatia imediata com o pequeno animal (também ele animado: figurativa e literalmente falando) que desconhece a rejeição e tudo faz por ser o novo membro da "matilha".
Mas - uma vez mais - nem tudo é simples ou tão fácil de julgar quando o espectador percebe que tanto cão como o seu jovem dono sofrem, afinal, da mesma condição física de forma diferente. Se um é soturno e descontente com a sua infeliz realidade, o outro vive pelo prazer de uma diversão de momento que lhe garanta a sensação de satisfação imediata que uma simples bola lhe pode provocar. Por sua vez, incapaz de encarar o mundo por aquilo de bom que ele apresenta, o jovem que inicialmente nega o simpático animal que dele se aproxima por ser um "espelho" da sua própria condição, rapidamente encontra nele um motivo para sorrir e o poder que o mesmo tem sobre a sua vida.
Para lá de uma simpática e quente animação com uma perfeita execução, The Present revela-se pela sua intensa mensagem social e por breves minutos que não esquecemos facilmente. Jacob Frey consegue sim criar a sensação correcta para o espectador ao retratar aquilo que se sente quando cada um de nós recebe... um presente.
.
.
9 / 10
.

Sem comentários:

Enviar um comentário